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Ser Perito Nacional em Formação Profissional

Ser Perito Nacional em Formação Profissional

O programa “Perito Nacional em Formação Profissional (PNFP/NEPT)” é uma iniciativa que permite a agentes das administrações públicas dos Estados-Membros da União Europeia (UE) ou da Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA) integrar temporariamente os serviços da Comissão Europeia ou das suas Agências.

Susana Pereira, técnica da Equipa Multidisciplinar de Relações Internacionais e Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (RIA 2030), participou no programa “Perito Nacional em Formação Profissional (PNFP/NEPT)” entre outubro e dezembro de 2024.

Conversámos com a colega sobre a importância da formação recebida no âmbito do programa onde aprofundou competências técnicas e alargou o seu conhecimento sobre políticas de cooperação e desenvolvimento, destacando o impacto que esta teve no seu percurso profissional. Susana Pereira considera que, com esta participação, adquiriu experiência e formação profissional especializada e que foi esta formação que lhe abriu portas a um novo desafio profissional, enquanto Perita Nacional Destacada (PND) na Direção-Geral das Parcerias Internacionais da Comissão Europeia (DG INTPA), a unidade onde fez a formação.
 
1. O que a motivou a candidatar-se ao programa “Perito Nacional em Formação Profissional”?

Resolvi candidatar-me ao programa de Perito Nacional em Formação Profissional (PNFP/NEPT) porque gostava de ter uma experiência internacional numa instituição europeia. A minha escolha foi feita não só a pensar nas áreas de trabalho que mais gostava, mas também em áreas que tivessem alguma relevância para a Secretaria-Geral e para o trabalho que estava a desenvolver no momento. Por esse motivo candidatei-me a três entidades que considerei relevantes – a DG INTPA (Directorate-General for International Partnerships), a DG REFORM (Directorate-General for Structural Reform Support) e o Secretariado-Geral da Comissão Europeia. Quando fiz a candidatura justifiquei bem “o porquê” de querer ter uma formação nessas instituições. Creio que quanto melhor for essa justificação, mais fácil é a correspondência entre a instituição e o perfil do candidato.
 
2. Em que serviço foi integrada e como decorreu a formação?

Eu fui integrada na primeira opção da minha candidatura, na Direção-Geral das Parcerias Internacionais da Comissão Europeia (DG INTPA), mais concretamente na Unidade D2 que trabalha com a área do desenvolvimento sustentável, com as Parcerias Globais com a Organização das Nações Unidas (ONU) e com a Agenda 2030. Fui muito bem recebida na Comissão, a equipa com quem trabalhei integra colegas de diferentes nacionalidades e com diferentes formações. Senti, desde o primeiro dia, que era tratada como colega e não como uma pessoa “externa ao serviço”. Integrei-me rapidamente na equipa e comecei a trabalhar e a representar a DG INTPA em diversas reuniões.
 
3. Deparou-se com diferenças significativas entre a cultura de trabalho desse serviço e a da Secretaria-Geral?

Existem métodos de trabalho semelhantes em alguns aspetos, como por exemplo, o trabalho em rede e documentos partilhados, o sistema de ponto ou a possibilidade de teletrabalho.

Mas existem diferenças significativas na gestão das funções e na responsabilidade que é acometida a cada pessoa. Por exemplo, se nos dão uma tarefa vamos ser os responsáveis até ao fim pela sua coordenação e apresentação. É claro que as diferentes chefias reveem os documentos finais, mas quem apresenta o ponto de situação de um determinado assunto é a pessoa que está (ou esteve) a trabalhar em determinado assunto. Também achei muito interessante alguns documentos serem partilhados com diversas equipas, dentro da mesma organização, para recolha de contributos com diferentes perspetivas – é uma forma de tentar que as equipas não trabalhem em silos e de obter várias perspetivas. Outra das práticas que considerei muito interessante foram as “handover notes”, ou seja, as notas que um funcionário elabora quando deixa um serviço. Nessa nota consta informação sobre o ponto de situação das matérias acompanhadas, sobre o arquivo das matérias, informação mais relevante a destacar, a pessoa de contato, entre outras informações. É uma prática muito interessante, se pensarmos numa cultura de “passagem de pasta” para a próxima pessoa que fica a acompanhar o assunto. É uma forma da pessoa que chega de novo ao serviço não começar da estaca zero.
 
4. Como era o seu dia-a-dia?

Era um dia normal de trabalho, gestão de pedidos e e-mails, participação em reuniões de equipa, participação em reuniões externas, elaboração de relatórios e notas informativas para reuniões e/ou outros eventos. O dia-a-dia foi semelhante ao que já tinha, não identifico grandes alterações.
 
5. O que gostou mais nesta experiência?

O que gostei mais foi de estar num ambiente multicultural e da dinâmica internacional, da discussão dos temas numa esfera política e numa ótica diferente daquela que temos enquanto Estado-Membro da UE. A possibilidade de ter uma perspetiva europeia sobre os assuntos. Gostei de aprender mais sobre a Estratégia “Global Gateway” e a execução externa da Agenda 2030 a nível da UE.
 
6. O estágio foi importante para este novo desafio, agora enquanto Perita Nacional Destacada?

Sem dúvida! Se não tivesse tido a oportunidade de fazer o NEPT não teria tido a oportunidade de mostrar o meu trabalho na Comissão Europeia. Talvez pudesse concorrer à vaga de Perito Nacional Destacado por outra via, mas a verdade é que o facto de já ter contatado com a equipa ajudou porque consegui demonstrar o meu trabalho e, quando surgiu a oportunidade desta vaga já tinham referências minhas.
 
7. Que mensagem gostaria de deixar a quem queira candidatar-se a este programa?

Gostaria de dizer que é uma experiência muito enriquecedora e formativa. O NEPT facilita o intercâmbio de conhecimentos entre as administrações nacionais e as instituições da UE, permitindo aos participantes desenvolver competências em vários domínios.

Programas desta natureza são benéficos para a Administração Pública, uma vez que proporcionam aos peritos a oportunidade de estabelecer redes profissionais com funcionários da UE, representantes de outros Estados-Membros e outros stakeholders, oferecendo oportunidades sem paralelo de colaboração e criação de redes. Por outro lado, existe toda a parte da formação e do conhecimento mais aprofundado em muitas matérias.
 
O programa PNFP/NEPT constitui uma ferramenta estratégica de capacitação e valorização dos recursos humanos da Administração Pública, promovendo a circulação de conhecimento e o reforço da cooperação europeia.

Para mais informações, consulte:

Última atualização: 17 de abril, 2025